quinta-feira, 8 de outubro de 2015

MEMÓRIAS FATAIS - Casa Velha

(Foto ilustrativa, sem conexão com o texto)

Versos em homenagem a antiga "Casa Velha", de Cêrro Corá, hoje Bairro "Tancredo Neves", onde nasceu minha avó, Francisca Tereza Liberato, do clã dos "Viana-Guedes-Araújo", naquele distante ano de 1912, quando ainda era uma vila chamada "Caraúbas".




Casa Velha
(Volney Liberato - 1997)


Já não habita ninguém na Casa Velha
Na verdade, há muito tempo que a velha casa
virou coito de morcegos.
E quem passa assim e a vê
Nem imagina o que foi em seu passado.

Jardins festivos,
Alpendres iluminados,
Salas amplas, lustres ardentes,
Longos corredores
E camarinhas segregadas.

Quem vê suas ruínas
Pode perceber a agonia de suas paredes
Vista pelas cicatrizes marcantes
Deixadas pela queda do reboco.

Alma na pedra;
Galhos retorcidos já lhe enfeitam a fachada
De coloridos e incompletos relevos.
Piso de areia, a cobrir o mármore
Onde pisou muitas gerações.

Quando passo à noite
Pela sua calçada,
Imagino os fantasmas
Que ali se reúnem
Em praça festiva;

E que nos olham de soslaio,
Nos vendo como seres inconcebíveis
Vindos de um mundo distante
E inacessível.

No na Casa Velha, reinam eles,
a quem o tempo apagou as memórias
mas que convivem ainda ali, nos escombros,
como que compartilhando a mesma dimensão.  

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