quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MEMÓRIAS URBANAS

O NOSSO VELHO MERCADO PÚBLICO


(As duas alas de quartos que originaram o velho Mercado Público)


Se ainda estivesse de pé, de "ferro e sinal", o nosso velho Mercado Público estaria completando, este ano, a 31 de dezembro, 115 anos de existência. 

Demolido que foi em 1970, por não apresentar as mínimas condições de recuperação e restauração em seu telhado, que caiu, numa noite em que não havia ninguém debaixo do seu teto. A edilidade não dispunha de recursos financeiros para bancar a recuperação, e o Dr. Nitom, autor do livro "Meio Século da Roça á Cidade", quando foi prefeito-revolucionário (28.04.1945-15.11.1945), tentou substituir o telhado por zinco, mas novamente ás condições financeiras serviram de entrave ao intento. Diz o autor em seu livro: “...o prédio do mercado, no ano de sua demolição, já não apresentava a mínima condição de recuperação, nem tanto devido aos custos com que a municipalidade teria que arcar, mas porque “aquelas paredes não foram feitas para suportar tanto peso – e arremata – mas Deus as segurou”.



 (Lateral Norte do velho Mercado)

Sou um saudosista do velho Mercado, porque o conheci de perto e brinquei muito em seu interior e em suas calçadas, assim como todos os meninos do meu tempo. Depois da aula da professora Crindélia Bezerra, saíamos o bando, em direção ao Bar de Vituca (hoje Barricão), para comer pastel com caldo de cana, e depois a tradicional passada no Mercado, olhando as suas lojas, bodegas, cafés, açougues, as brigas dos engraxates em sua calçada-norte, enfim, tudo ali era de uma atração infinita, principalmente o povo que nele habitava. Para onde foram as suas memórias? Em que país se escondem? Em que planeta estarão homiziados?

Hoje, o terreno do velho Mercado está ocupado pela Praça Des. Tomaz Salustino (benfeitor da urbe), de moderna arquitetura, convenhamos, mas que nem de longe lembra ou nos deixa imaginar de como seria aquele monumento arquitetônico que por 70 anos esteve ali plantado.

(Praça Cristo Rei - anos 50 - vendo-se ao fundo o majestoso Mercado)


Se os problemas do velho Mercado houvessem sido transportados para os nossos dias, ele estaria a salvo, posto que o Ministério da Cultura, hoje, dispõe de todos os recursos necessários para a proteção, recuperação, restauração e manutenção de monumentos históricos e arquitetônicos. Mas, desgraçadamente, vivíamos os malfadados dias do auge de uma ditadura militar que, a cada dia tornava-se mais cruenta, só tendo olhos para uma tal de "Transamazônica", que até hoje nunca foi concluída, para o tricampeonato no México e para o brilho reluzente das estrelas e dos coturnos dos generais-ditadores-de-plantão.






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