sábado, 29 de agosto de 2015

DO JORNAL BESTA FUBANA

CERO CAVALCANTI – GOIÂNIA-GO

Atendendo a solicitação atrevidíssima de mano Fred Monteiro, solicitando um mote pra arregaçar o cabresto da bagaça, trato de obedecer caladin qui nem deputado petista.
Toma lá caba véi. Mando o mote e já mando o primeiro ( te cuida Camões), que é pra falar que ta tudo no jeito.
Se vira nos trinta sujeito.
Mote:
“Quem não entende mulher
tem que morrer na punheta”.
Aqui vai o premero.
Mulher é bicho esquisito
Todo mês tem sangramento
Tem bunda, peito e priquito
Doçura a todo momento 
Os quem têm discernimento,
Gostam do comportamento,
E co’elas não rumam treta,
Têm sempre mel na colher.
Quem não entende mulher
Tem que morrer na punheta

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

MEMÓRIAS URBANAS

(Bodega de Abel Pereira - velho Mercado Público - na foto: da esquerda para a direita: Padre Hudson Brandão dando á benção, a menina Jarda Jacinta, Jaime Xavier, (?), Abel Pereira, Joventino Pereira e Dadá, escorado ao balcão).  


Dia desses fui provocado por um amigo a tecer algumas linhas sobre as antigas bodegas de Currais Novos, não naquelas bodegas de muito, de muito dantes, coisa dos anos 20/30/40, que sequer cheguei a conhecer, pois idade para isso, nunca tive. Mas as bodegas surgidas ou existentes, nos tempos em que eu comecei a me passar por gente, sim, essas sim, de 1965 para cá, são muitas, coisa de muita monta e de que a muito jaziam esquecidas na poeira do tempo.

Iniciei com um texto miúdo de página e meia, e hoje já se vão mais de 14 páginas latejando sobre o mesmo mote, mas com admoestação: as personagens vão sempre mudando, conforme a rua e o bairro onde a tasca achava-se assentada.

E o assunto bodega, que imaginava "cá com meus botões", se resumia tão somente a compra e venda de mercadorias e alguns casos engraçados ocorridos em suas dependências, muda completamente, porque a partir daí, passa-se a dar formas ao texto, através das pessoas envolvidas, e a dilatar o tema através da garimpagem boca/ouvido. Escutar mais do que falar, eis a mola oculta para se escrever ou falar sobre qualquer tema.

Próximo ano, quem sabe na Festa de Santana, estarei lançando um livreto ilustrado sobre as nossas antigas bodegas, para que tanto elas como os seus antigos donos não caiam na sempre e repetida vala-comum do esquecimento coletivo.





  


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MEMÓRIAS URBANAS

O NOSSO VELHO MERCADO PÚBLICO


(As duas alas de quartos que originaram o velho Mercado Público)


Se ainda estivesse de pé, de "ferro e sinal", o nosso velho Mercado Público estaria completando, este ano, a 31 de dezembro, 115 anos de existência. 

Demolido que foi em 1970, por não apresentar as mínimas condições de recuperação e restauração em seu telhado, que caiu, numa noite em que não havia ninguém debaixo do seu teto. A edilidade não dispunha de recursos financeiros para bancar a recuperação, e o Dr. Nitom, autor do livro "Meio Século da Roça á Cidade", quando foi prefeito-revolucionário (28.04.1945-15.11.1945), tentou substituir o telhado por zinco, mas novamente ás condições financeiras serviram de entrave ao intento. Diz o autor em seu livro: “...o prédio do mercado, no ano de sua demolição, já não apresentava a mínima condição de recuperação, nem tanto devido aos custos com que a municipalidade teria que arcar, mas porque “aquelas paredes não foram feitas para suportar tanto peso – e arremata – mas Deus as segurou”.



 (Lateral Norte do velho Mercado)

Sou um saudosista do velho Mercado, porque o conheci de perto e brinquei muito em seu interior e em suas calçadas, assim como todos os meninos do meu tempo. Depois da aula da professora Crindélia Bezerra, saíamos o bando, em direção ao Bar de Vituca (hoje Barricão), para comer pastel com caldo de cana, e depois a tradicional passada no Mercado, olhando as suas lojas, bodegas, cafés, açougues, as brigas dos engraxates em sua calçada-norte, enfim, tudo ali era de uma atração infinita, principalmente o povo que nele habitava. Para onde foram as suas memórias? Em que país se escondem? Em que planeta estarão homiziados?

Hoje, o terreno do velho Mercado está ocupado pela Praça Des. Tomaz Salustino (benfeitor da urbe), de moderna arquitetura, convenhamos, mas que nem de longe lembra ou nos deixa imaginar de como seria aquele monumento arquitetônico que por 70 anos esteve ali plantado.

(Praça Cristo Rei - anos 50 - vendo-se ao fundo o majestoso Mercado)


Se os problemas do velho Mercado houvessem sido transportados para os nossos dias, ele estaria a salvo, posto que o Ministério da Cultura, hoje, dispõe de todos os recursos necessários para a proteção, recuperação, restauração e manutenção de monumentos históricos e arquitetônicos. Mas, desgraçadamente, vivíamos os malfadados dias do auge de uma ditadura militar que, a cada dia tornava-se mais cruenta, só tendo olhos para uma tal de "Transamazônica", que até hoje nunca foi concluída, para o tricampeonato no México e para o brilho reluzente das estrelas e dos coturnos dos generais-ditadores-de-plantão.






JOÃO REDONDO

De 26 a 29 de agosto, Currais Novos sedia o III ENCONTRO DE BONECOS E BONEQUEIROS DO TEATRO DE JOÃO REDONDO DO RN. O evento tem como patrocinadores: Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Fundação José Augusto, Casa de Cultura Popular, IPHAN, Prefeitura de Currais Novos, Fundação Cultural "José Bezerra Gomes" e Secretaria Municipal de Turismo. É uma realização da APOTB e ABTB - Unima Brasil.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

MEMÓRIAS FATAIS




Á sombra frondosa de movimentos essencialmente culturais, como o Movimento Armorial, de Pernambuco, por exemplo, cria da lavra do Mestre Ariano Suassuna, que foi gerado com o objetivo de criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro, este Blog se propõe, dentro de sua indumentária pobre e surrada, porém autêntica, a postar textos culturais a partir desses elementos do folk regional, sem se apegar, formalmente, á regionalização radical dos seus propósitos, posto que a cultura é universal e que assim deve permanecer, sem rejeitar, contudo, a nossa própria cultura, seus traços e origens.


A cultura popular nasce, evidentemente, forjada pelos passos, ações e idéias do povo, mas a cultura em si, segundo Lynd, é estática, e sozinha não se movimenta, não anda, não corre e nem torna-se disseminada e conhecida. Ela tem de ser concebida e executada pelo povo, esse elemento indispensável que, sem ele, nada se cria, nada se move, nada se mostra.

Á luz de uma simbologia lúdica, a cultura intrinsecamente nordestina, surgiu da espontaneidade das gentes, rurais e urbanas, com os elementos de que dispunham. Originados certamente de heranças adventícias portuguesas, africanas, espanholas, francesas, holandesas, etc., somou-se a tudo isso á nossa herança original indígena, das nossas avoengas seridoenses da primeira leva.


Toda cultura é necessária e boa, seja ela qual for. No Nordeste brasileiro, temos nove estados com uma diversificação cultural muito larga, mas cada qual com sua característica própria. Na Bahia, por exemplo, temos a cultura afro sempre em eferverscência. No Maranhão, que teve o elemento francês como parte de sua colonização, encontramos ali uma Bahia mais estilizada. Mas, não obscurecendo nenhum tipo de cultura dos demais estados do Nordeste, tenho a convicção de que é em Pernambuco onde se dá o maior agrupamento desses afluentes culturais, sempre partindo do interior para a capital, o que não se dá nos demais estados. 

Em São José do Egito, por exemplo, considerado berço universal dos cantadores de viola e de poetas de renome, respira-se poesia pelos quatros cantos; na zona da mata, os caboclinhos e maracatu norteiam uma diversificação cultural de dimensões imensuráveis.

De resto, viva a cultura nordestina.
Viva o povo do sertão.
Viva o povo nordestino!