Á sombra frondosa de movimentos essencialmente culturais, como o Movimento Armorial, de Pernambuco, por exemplo, cria da lavra do Mestre Ariano Suassuna, que foi gerado com o objetivo de criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro, este Blog se propõe, dentro de sua indumentária pobre e surrada, porém autêntica, a postar textos culturais a partir desses elementos do folk regional, sem se apegar, formalmente, á regionalização radical dos seus propósitos, posto que a cultura é universal e que assim deve permanecer, sem rejeitar, contudo, a nossa própria cultura, seus traços e origens.
A cultura popular nasce, evidentemente, forjada pelos passos, ações e idéias do povo, mas a cultura em si, segundo Lynd, é estática, e sozinha não se movimenta, não anda, não corre e nem torna-se disseminada e conhecida. Ela tem de ser concebida e executada pelo povo, esse elemento indispensável que, sem ele, nada se cria, nada se move, nada se mostra.
Á luz de uma simbologia lúdica, a cultura intrinsecamente nordestina, surgiu da espontaneidade das gentes, rurais e urbanas, com os elementos de que dispunham. Originados certamente de heranças adventícias portuguesas, africanas, espanholas, francesas, holandesas, etc., somou-se a tudo isso á nossa herança original indígena, das nossas avoengas seridoenses da primeira leva.
Toda cultura é necessária e boa, seja ela qual for. No Nordeste brasileiro, temos nove estados com uma diversificação cultural muito larga, mas cada qual com sua característica própria. Na Bahia, por exemplo, temos a cultura afro sempre em eferverscência. No Maranhão, que teve o elemento francês como parte de sua colonização, encontramos ali uma Bahia mais estilizada. Mas, não obscurecendo nenhum tipo de cultura dos demais estados do Nordeste, tenho a convicção de que é em Pernambuco onde se dá o maior agrupamento desses afluentes culturais, sempre partindo do interior para a capital, o que não se dá nos demais estados.
Em São José do Egito, por exemplo, considerado berço universal dos cantadores de viola e de poetas de renome, respira-se poesia pelos quatros cantos; na zona da mata, os caboclinhos e maracatu norteiam uma diversificação cultural de dimensões imensuráveis.
De resto, viva a cultura nordestina.
Viva o povo do sertão.
Viva o povo nordestino!